

A Chuva de Pitanga é uma IPL (Indian Pale Lager) refrescante mas também potente. Grandes quantidades de pitanga trazem o vento da praia e o calor do sertão numa mistura de sabores sem igual.
Mossoró, a cidade sitiada
pelo bando feroz de Lampião,
se não fosse isso tudo uma ilusão
e a volante estivesse preparada.
Ante a chuva de bala disparada,
segurando o chapéu roto e puído,
Jararaca caía já vencido.
E o cangaço em suspiro derradeiro
debandou sem noção, rumo certeiro,
foi chorando por seu "anjo caído".
Entre choro, revolta e desespero,
da caatinga vermelha e espinhenta
uma nova paisagem se apresenta
em extensos e brancos tabuleiros.
Coloridas areias, mil coqueiros,
onde Os Cabra montaram acampamento,
de joelho, a Santo Chico em lamento,
com a panela fervendo na fogueira
e o Terral balançou a pitangueira:
Jararaca soprando triste vento.
Chuva de Pitanga
Naquele fatídico dia, o bando do capitão não teve vida fácil, pois não foi muito bem recepcionado pelo povo da cidade norte-riograndense de Mossoró. Foi uma verdadeira “chuva de balas”, os surpreendendo e causando grandes perdas, como a captura de um dos cabras mais arretados do grupo, José Leite de Santana, o cangaceiro conhecido como Jararaca, que foi capturado num matagal, com um ferimento de bala no seu peito.
E foi um aperreio só, eles tentando escapar entre balas, espinhos e um calor da moléstia, que até aquele povo nascido e criado rachando a moleira, ainda não se acostumou com aquela quentura. E pelas veredas cheias de espinhos, iam caçando um rumo, ainda sem ideia de onde iriam parar, sempre com uma brisa a acalentar suas faces. Foi quando encontraram um morro de areias coloridas e, logo em seguida, as areias alvas da praia, onde de imediato foram jogando fora suas tralhas e mergulharam naquele mar azul do Atlântico Sul.
“Já que viemos parar por essas bandas, vamos aproveitar para sarar nossas feridas e acalentar nossos espíritos na água do mar” – Ordenou Virgolino, após a notícia que lhe chegara, que seu braço direito, Jararaca, morreu de morte matada, com uma punhalada, a caminho do seu túmulo, e que minutos antes, prevendo o desfecho daquela situação, disse: “Sei que vou morrer. Vão ver como morre um cangaceiro”. E, segundo relatos, depois da punhalada, soltou um grande urro e caiu na sua cova.
Debaixo de uma belíssima pitangueira, carregada com seus frutos encarnados, eles montaram o seu acampamento, bem na divisa dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte. Do lado do Ceará, a belíssima Cuipiranga, hoje conhecida como Manibu, distrito da cidade de Icapuí, e do lado do Rio Grande do Norte, a praia de Tibau, distrito da cidade de Mossoró, aquela que os expulsara. E foi ali mesmo que eles acenderam o fogo e meteram água, malte e lúpulo na panela. Lampião chamou todo o bando para uma oração, em memória ao grande amigo de muitas lutas que havia sucumbido e, como se sentissem a sua presença, um vento terral soprou forte por todo o acampamento, fazendo chover pitangas em cima deles, inclusive na panela, perfumando toda a cerveja. Lampião, vendo aquela cena, não teve dúvidas do que acontecera. Era um sinal.
“Pronto!!! Essa é em sua homenagem, caaaaaabraaaa!!! Bradou o capitão das selvas nordestinas.