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Uma sour personalíssima, misturando os sabores e aromas do caju com a cor intensa da pitaya. Esta é a nossa Katharina com K, uma homenagem às refrescantes e brasileiras cervejas ácidas, e também ao nosso grande Lua, o rei do baião.

Katharina com K

 

De longe se ouvia o som da sanfona. Era uma noite iluminada de lua cheia e as veredas no meio da caatinga se acendiam com a sua luz. O bando estava muito cansado, mas Maria insistia em só terminar aquela jornada quando desse de cara com o dono daquela sanfona. Estavam perto do Exu, no estado de Pernambuco, depois de passarem por muitas aventuras lá pelas bandas do Ceará. O que mais queriam naquele momento era descansar os corpos e mentes, e nada melhor do que uma festança, um forrobodó, um fuzuê.

 

Ainda no Ceará, na cidade de Juazeiro do Norte, começaram a fazer uma cerveja, mas por conta de um descuido do grupo, o mosto azedou. Maria achou aquilo estranho, mas resolveu não descartar o resultado daquele “experimento”, por achar que poderia usar para outro fim, como na culinária, por exemplo. Puseram “ela” num barril e o jogaram em cima da carroça de mantimentos.

 

Voltando às redondezas do Exu, o bando já via as luzes da fazenda onde ocorria a festa. O Capitão do Exército Patriótico – recém-nomeado lá no Juazeiro por ordem do governo Artur Bernardes com o intuito de combater a Coluna Prestes, mas que só lhe serviu para ganhar armamentos e dinheiro, pois não chegaram a se encontrar – já ordenara Corisco para ir ao local do fuzuê avisar da chegada do bando para a festança. Mas sem causar temor, pois o intuito era festejar e parabenizar o mestre que tocava tão divinamente aquele acordeon.

 

Maria, como havia prometido, só parou quando estava cara-a-cara com o cabra. “É Seu Januário, é?”, perguntou ela. “Sou sim!”, respondeu ele. “Viiiixeeee! É hoje que só paramos no quebrar da barra”, berrou Maria de Déa. Dona Santana, esposa de Seu Januário, acomodou todos e lhes serviu o seu tradicional baião de dois, além de muitas outras iguarias apreciadas por todo o Exu, deixando-os muito à vontade, satisfeitos e muito felizes com tamanho carinho. Sabino Gomes e Dadá foram lá na carroça pegar uns barris de cerveja para servir ao povo em forma de agradecimento e, por engano, levaram aquela dita com o mosto que havia azedado. Começaram a servi-la. Dadá provou aquilo e fez uma careta das mais horríveis. Espiou ao redor e viu uma “cabrita” que estava ao seu lado, cheirosa que nem flor e com um olhar pidão. Deu a cerveja pra ela provar. Provou, nem fez pantim e achou muito interessante aquela bebida. E ainda soltou uma sugestão: “Nosso quintal tá forrado de doces cajus e muitas frutas do mandacaru. E se misturarmos nessa bebida?” Sem demora pegaram essas frutas, as amassaram e jogaram dentro do barril. O resultado foi que aquela bebida ácida e refrescante alegrou mais ainda o Fuzuê que, agora sim, não tinha mais hora para acabar. Não demorou para o Capitão ficar num aperreio só, por ainda não terem batizado o líquido precioso. “Maria, por favor, chame essa menina que deu rumo pra essa bebida, pois é ela quem vai nos ajudar nessa peleja, e antes do quebrar da barra”. “Pronto, Virgulino. Tá aqui ela”. “Ô menina, qual a sua alcunha”? “Katarina, Capitão! Katarina com K”. “Apôis pronto! Taí o nome”.

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